
A vista do Mosteiro da Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia é, literalmente, o poema de Carlos Tê que dá letra à música de Rui Veloso, Porto Sentido. Essa música é a banda sonora para se observar um entardecer naquele magnífico local. Seria uma fantástica ideia (porque não?) ao instalar-se uma placa explicativa do local incluir uma sugestão de banda sonora para lá se ouvir.
A paisagem pouco se alterou nos últimos anos. Tenho uma fotografia tirada exactamente do mesmo local há quinze anos atrás e a maior diferença é realmente o facto do tabuleiro superior da ponte D. Luís I já não suportar automóveis e autocarros, mas sim o metro. Mas tirando isso, lá continua a velha ponte da Arrábida, a Torre dos Clérigos, as velhas caves de Vinho do Porto, a Ribeira e as Fontaínhas. Até mesmo as pessoas parecem iguais. Mas deixemos as palavras de Carlos Tê descreverem este local:
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, São-joanina
erigida sobre um monte
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
num rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa
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